>
Instituições e Mercados
>
Open Banking: Democratizando o Acesso aos Dados

Open Banking: Democratizando o Acesso aos Dados

04/12/2025 - 15:21
Fabio Henrique
Open Banking: Democratizando o Acesso aos Dados

Na era digital, o setor financeiro brasileiro vive uma revolução sem precedentes. O Open Banking, evoluído para o conceito mais amplo de Open Finance, tem colocado o poder dos dados nas mãos dos clientes, promovendo compartilhamento seguro de dados e serviços e abrindo caminho para soluções mais ágeis e personalizadas.

Este artigo explora as bases, a trajetória de implementação, os números mais recentes e os impactos dessa transformação, além de refletir sobre os desafios e o futuro dessa jornada.

Conceito e Fundamentos

Open Banking é um conjunto de regras e tecnologias que permite o compartilhamento seguro de dados e serviços entre instituições financeiras, sempre mediante o consentimento explicito do usuário. No Brasil, o ecossistema evoluiu para o Open Finance, que incorpora informações sobre investimentos, seguros, câmbio e previdência.

O princípio central é que dados pertencem ao cliente e não ao banco. Dessa forma, cada usuário pode mobilizar suas informações para obter melhores ofertas, taxas mais competitivas e serviços alinhados ao seu perfil.

Etapas de Implementação

O Banco Central do Brasil estruturou o Open Finance em quatro fases principais, que avançam em complexidade e profundidade de compartilhamento:

Cada fase contou com testes-piloto, ajustes regulatórios e ampla divulgação para assegurar que todas as instituições autorizadas pudessem se adaptar às novas APIs e protocolos de segurança.

Dados e Números Relevantes

O ecossistema brasileiro de Open Finance vem crescendo de forma acelerada. Veja alguns dados que ilustram essa expansão:

  • mais de 800 instituições participam do Open Finance em todo o país;
  • Consents ativos saltaram de 43 milhões em jan/2024 para 62 milhões em jan/2025, um crescimento de 44% em um ano;
  • Entre 65 e 70 milhões de contas estão conectadas ao sistema;
  • A média semanal chega a 3,5 bilhões de chamadas de API;
  • A penetração já supera 28% da população bancarizada, com ganhos de 2 milhões de novos usuários por mês.

Impactos e Benefícios

Os resultados práticos da abertura de dados são visíveis em diversas frentes. O acesso ao crédito, por exemplo, foi estimulado de forma significativa, com mais de R$ 31 bilhões liberados desde o início do Open Finance.

Fintechs conquistaram 17% desse total, ao aportar R$ 5,4 bilhões e mostrar agilidade na análise de risco e na oferta de propostas personalizadas.

  • iniciação de pagamentos e histórico financeiro movimentou R$ 1,6 bilhão no 1º semestre de 2025;
  • Agregadores financeiros permitem que mais de 55 milhões de contas sejam gerenciadas em uma única plataforma;
  • Portabilidade de salário e crédito ganha ritmo, com mais de 150 mil operações em 2025;
  • Novas modalidades de investimento e seguros se beneficiam do fluxo de dados e da gestão financeira simplificada para o cliente.

Participantes e Regulação

Somente instituições autorizadas pelo Banco Central participam do sistema. Os grandes bancos (S1) e demais instituições obrigatórias (S2) formam o núcleo, enquanto outras fintechs e provedores voluntários se juntam gradualmente.

O Banco Central atua como regulador e fiscalizador, definindo padrões técnicos e requisitos de segurança, para que o ambiente seja confiável e harmonizado.

Segurança e Consentimento

Um dos pilares do Open Finance é o controle total do cliente sobre seus dados. Todo compartilhamento ocorre com compartilhamento claro, granular e temporário, e pode ser revogado a qualquer momento.

Além disso, o ecossistema é considerado mais seguro que o modelo tradicional de transações com cartões, pois as APIs usam autenticação forte e protocolos atualizados de criptografia.

Desafios e Futuro

Apesar dos avanços, o Brasil ainda enfrenta desafios para replicar as taxas de adesão de 99,5% vistas em sistemas de cartões. É preciso intensificar a educação financeira, reduzir barreiras técnicas e ampliar a capilaridade.

O futuro aponta para uma integração ainda maior de dados de investimentos, previdência e seguros, com soluções baseadas em IA e pagamentos instantâneos pelo WhatsApp e IA.

Projetos de hiperpersonalização, ofertas dinâmicas e novos modelos de negócio devem surgir, redefinindo a relação entre instituições e clientes.

Conclusão

O Open Banking já não é apenas um conceito: tornou-se realidade transformadora no Brasil. Ao colocar o cliente no centro do ecossistema, garantiu mais transparência, eficiência e competitividade.

O caminho à frente exige colaboração entre reguladores, instituições e usuários, mas o potencial de democratização dos serviços financeiros é ilimitado. Essa jornada, guiada pelos dados, promete abrir portas para uma nova era de inovação e inclusão, em que cada pessoa tenha voz e vez na construção do seu próprio futuro financeiro.

Fabio Henrique

Sobre o Autor: Fabio Henrique

Fabio Henrique