Em 2025, o comércio internacional se revela como um dos pilares fundamentais para o desenvolvimento econômico global. Inserido num contexto de alta volatilidade geopolítica, múltiplos conflitos e avanços tecnológicos acelerados, ele determina rotas, preços e estratégias de empresas e governos. Para compreender esse cenário, é preciso analisar as dinâmicas que geram riqueza, os entraves que encarecem operações e as tendências que moldarão as próximas décadas.
Ao integrar mercados, o comércio exterior promove geração de riqueza e emprego, eleva a produtividade e amplia a competitividade de empresas nacionais. Para países emergentes como o Brasil, representa uma oportunidade única de capturar fatias de mercado deixadas por players em disputas geopolíticas e tarifárias. Além disso, favorece a transferência de tecnologia e a inovação, permitindo que recursos locais sejam potencializados por práticas e processos de ponta.
Apesar dos benefícios, enfrentamos grandes obstáculos. Em 2025, o frete marítimo entre China e Brasil acumulou alta de 782,8% em apenas um ano, saltando de US$ 1.342 para US$ 11.843, o que pressiona margens e preços. No Brasil, a infraestrutura portuária e rodoviária ainda sofre com gargalos estruturais que limitam a eficiência logística.
As barreiras tarifárias e não tarifárias seguem em níveis elevados: os Estados Unidos aplicam taxas de até 145% sobre produtos chineses, enquanto a China responde com tarifas de 125% sobre itens americanos. Esse cenário de fragmentação das cadeias globais pressiona empresas a buscar soluções de resiliência, como reshoring e nearshoring, mas muitas vezes a regionalização implica em custos adicionais e complexidade regulatória.
Outro ponto crítico é a evolução das exigências ambientais, sanitárias e de propriedade intelectual. O controle de emissões de carbono, as regras de conteúdo local e as sanções financeiras impõem novas camadas de conformidade, elevando o custo de entrada em diversos mercados. Soma-se a isso a atuação de organismos multilaterais que, em crise de identidade, têm menor capacidade de harmonizar normas e mediar conflitos.
Em meio ao cenário adverso, surgem frentes promissoras. A diversificação de parceiros comerciais, principalmente para países fora da disputa central entre EUA e China, confere ao Brasil e demais economias alternativas um papel estratégico na cadeia de suprimentos global.
As projeções para 2025-2026 indicam três rotas possíveis. Primeiro, a manutenção de tensões comerciais e geopolíticas em níveis elevados, com cadeias ainda voláteis, mas ajustadas às novas exigências de resiliência e compliance. Nesse caso, a digitalização e a adoção de cadeias mais curtas podem ser a tábua de salvação para empresas que buscam eficiência produtiva e competitividade.
Um cenário mais otimista, com probabilidade de 25%, prevê acordos de paz e comércio, redução de tarifas e gradual normalização dos custos logísticos. Por fim, um quadro pessimista, embora menos provável, apontaria para uma escalada de conflitos que provoque fragmentação acentuada e represente risco sistêmico às cadeias de valor globais.
Em todos os casos, a perspectiva de um sistema multipolar exige que governos e corporações se preparem para cenários geopolíticos multipolares, reforçando alianças regionais e investindo em infraestrutura de ponta e digitalização de processos.
Para tirar proveito das vantagens e mitigar os riscos, é fundamental que gestores e formuladores de políticas adotem estratégias integradas. No curto prazo, recomenda-se priorizar investimentos em infraestrutura logística, digitalização aduaneira e treinamento de equipes para compliance internacional.
No médio e longo prazo, deve-se fortalecer acordos regionais, alinhando metas de sustentabilidade com padrões globais de ESG, além de fomentar a pesquisa e o desenvolvimento de soluções tecnológicas locais. Assim, o Brasil e outras economias emergentes poderão não apenas sobreviver às turbulências, mas também prosperar em um mercado em constante transformação.
Em última análise, o comércio internacional em 2025 continua sendo uma arena de desafios e oportunidades. Quem se adaptar rapidamente às novas regras do jogo terá condições de liderar a próxima onda de integração econômica global.
Referências