>
Economia Global
>
Moedas Digitais de Bancos Centrais (CBDCs): A Nova Era da Moeda?

Moedas Digitais de Bancos Centrais (CBDCs): A Nova Era da Moeda?

19/11/2025 - 02:14
Lincoln Marques
Moedas Digitais de Bancos Centrais (CBDCs): A Nova Era da Moeda?

As Moedas Digitais de Bancos Centrais, conhecidas como CBDCs, estão moldando o futuro das transações financeiras em todo o mundo. Este artigo explora sua definição, objetivos, desafios e o papel do Brasil nesse movimento global.

O que são as CBDCs?

As CBDCs são versões digitais da moeda oficial de um país, emitidas e reguladas diretamente pelo banco central. Cada unidade digital corresponde a uma obrigação fiduciária, assim como o papel-moeda tradicional.

Diferentemente das criptomoedas descentralizadas, como o Bitcoin, as CBDCs seguem políticas monetárias estatais rígidas, garantindo estabilidade e confiança pública.

Contexto Global e o Caso Brasileiro

Hoje, mais de 130 países, representando cerca de 98% do PIB mundial, estão testando ou implementando suas próprias CBDCs. Dentre esses, 32 já avançaram para programas-piloto ou lançamentos oficiais.

Na Ásia, a China lidera com o e-CNY em testes comerciais. Nas Bahamas, o Sand Dollar já é usado por residentes locais, enquanto Nigéria e Jamaica também contam com versões digitais de suas moedas.

No Brasil, o Drex (Real Digital) encontra-se em fase avançada de testes. Previsto para 2025, ele permitirá que todas as transações sejam registradas em uma plataforma permissionada do Banco Central, com acesso restrito a bancos e fintechs autorizados.

  • Modernização do sistema financeiro: operações mais rápidas e seguras.
  • Inclusão digital: acesso facilitado em áreas remotas sem infraestrutura bancária.
  • Dinheiro programável: contratos inteligentes integrados a serviços públicos.
  • Rastreamento de transações: combate a fraudes e lavagem de dinheiro.

Diferenças entre CBDCs e Criptomoedas

Embora ambas usem tecnologias semelhantes de ledger distribuído, CBDCs e criptomoedas atendem a propósitos distintos. As CBDCs oferecem valor estável e lastreado na moeda nacional, enquanto as criptomoedas são conhecidas por sua volatilidade e foco especulativo.

Desafios e Preocupações

Apesar dos benefícios, a implementação de CBDCs enfrenta barreiras significativas. A principal delas é o equilíbrio entre rastreabilidade e privacidade do usuário, preservando o sigilo bancário sem abrir mão da segurança.

  • Risco de desintermediação: usuários podem migrar saldos para o banco central, reduzindo o papel dos bancos comerciais.
  • Ataques cibernéticos: necessidade de sistemas robustos contra fraudes digitais.
  • Interoperabilidade global: garantir que diferentes CBDCs funcionem em conjunto.
  • Legislação específica: adaptação de normas para emissão e uso das moedas digitais.
  • Adoção popular: promover educação financeira para uso efetivo.

Evolução, Tendências e Próximos Passos

O Brasil avança com o Drex, mas decidiu adotar um sistema permissionado gerenciado pelo Banco Central, em vez de blockchain pública. Esse modelo visa maior controle e segurança nas operações.

Na Europa, o projeto do euro digital entra em nova fase em outubro de 2025, com foco em pagamentos online e offline. Já a iniciativa mBridge conecta bancos centrais para facilitar remessas internacionais.

Nos Estados Unidos, o debate político retarda o progresso, enquanto na Índia e em outras economias emergentes, estudos aceleram para garantir inclusão financeira e modernização.

Perspectivas Futuras

O cenário global aponta para um aumento expressivo das CBDCs nos próximos anos, com potencial de transformação das finanças, contratos, pagamentos e serviços públicos.

Usuários e empresas deverão se preparar para a transição, mantendo-se informados sobre regulamentações, adotando carteiras digitais e participando de programas-piloto.

Com educação financeira e inovação tecnológica, as CBDCs podem promover um sistema mais justo e eficiente, fortalecendo a soberania monetária e ampliando o acesso a serviços financeiros.

Esta nova era da moeda representa um convite para repensar nosso relacionamento com o dinheiro, estimulando governos, instituições e cidadãos a colaborar na construção de um ecossistema digital inclusivo e resiliente.

Lincoln Marques

Sobre o Autor: Lincoln Marques

Lincoln Marques