O cenário brasileiro de dívida pública alcançou patamares históricos em 2025, exigindo uma análise cuidadosa dos números, das causas e das consequências para a sociedade e a economia.
Este artigo oferece uma visão multifacetada, com dados atualizados, projeções e estratégias, e propõe caminhos para equilibrar o orçamento e proteger o futuro fiscal do país.
Nos últimos anos, o Brasil observou um crescimento acelerado da dívida pública, impulsionado por juros elevados, gastos obrigatórios e déficits recorrentes. Em setembro de 2025, a Dívida Bruta do Governo Geral atingiu R$ 9,75 trilhões, o maior valor absoluto já registrado, correspondendo a 78,1% do PIB.
As projeções da Instituição Fiscal Independente (IFI) apontam que, ao final do governo Lula, esse percentual poderá chegar a 82,5% do PIB, e subir a 82,4% em 2026, com tendência de expansão até 2035.
Entender como a dívida está estruturada é fundamental para avaliar riscos e oportunidades de gestão. A composição atual, conforme dados do Tesouro Nacional e do Banco Central, é apresentada na tabela a seguir:
Com a Selic em 10,75% ao ano, o custo de juros em 12 meses somou R$ 941 bilhões, representando um dos maiores gastos reais do mundo. Cada ponto percentual adicional na taxa básica equivale a aproximadamente R$ 30 bilhões a mais em desembolsos de juros.
O endividamento elevado traz consigo vulnerabilidades que podem comprometer a credibilidade e a sustentabilidade das finanças públicas.
Para mitigar riscos e alongar os prazos de vencimento, o Tesouro Nacional adotou diversas medidas de aperfeiçoamento.
Essas práticas permitem ao país aproveitar momentos de maior apetite por títulos brasileiros e refinanciar dívidas a custos menos onerosos.
O serviço da dívida absorve parcela crescente do orçamento, limitando recursos para áreas essenciais. Em 2025, o déficit primário previsto para setembro foi de R$ 17,5 bilhões, enquanto gastos obrigatórios avançam próximos ao teto da receita.
Essa dinâmica resulta em comprometimento do orçamento futuro e estreitamento do espaço para investimentos em educação, saúde e infraestrutura. A inversão de prioridades, em que juros superam despesas sociais, ameaça a qualidade de vida e a competitividade do país.
Especialistas e órgãos de controle sugerem um conjunto de reformas para retomar o equilíbrio fiscal e reduzir a dependência de endividamento:
O FMI assinala que o crescimento da dívida brasileira supera a média global pós-pandemia. Apesar disso, as agências de risco ainda avaliam a trajetória como sustentável, desde que haja compromisso com o ajuste fiscal.
Para muitos analistas, a adoção de um teto de dívida, semelhante ao de outras economias, fortaleceria a disciplina orçamentária. O desafio, porém, reside em conciliar limites rígidos com a necessidade de flexibilidade em cenários de crise.
Confrontar o endividamento público requer uma combinação de disciplina fiscal, reformas estruturais e gestão ativa da dívida. É possível preservar a sustentabilidade, mas são indispensáveis medidas equilibradas e de longo prazo, que aliem responsabilidade e crescimento.
Ao adotar estratégias de diversificação, alongamento e controle de riscos, o Brasil pode reforçar sua credibilidade perante investidores, reduzir custos de financiamento e liberar recursos para prioridades sociais, assegurando um futuro fiscal mais sólido e promissor.
Referências