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A Ascensão da Ásia: Como o Continente Modelará a Próxima Década Econômica

A Ascensão da Ásia: Como o Continente Modelará a Próxima Década Econômica

03/11/2025 - 19:57
Fabio Henrique
A Ascensão da Ásia: Como o Continente Modelará a Próxima Década Econômica

Nas próximas décadas, a Ásia consolidará seu status de epicentro econômico global. Este artigo detalha as projeções de crescimento, os principais motores de expansão e os desafios que o continente enfrentará enquanto redefine a economia mundial.

Panorama do Crescimento Econômico Asiático

De acordo com o Fórum de Boao, o PIB asiático deverá crescer 4,5% em 2024 e manter essa trajetória robusta em 2025. O FMI projeta um avanço de 4,4% em 2025, enquanto a região Ásia-Pacífico apresenta expectativa de 4,6% no mesmo ano. Excluindo Austrália, Japão e Nova Zelândia, os países em desenvolvimento da Ásia e Pacífico podem alcançar até 4,9% de crescimento em 2025.

Essa aceleração faz da Ásia responsável por quase 60% do crescimento mundial em 2024, elevando sua participação no PIB global (PPC) de 48,1% para 48,6% entre 2024 e 2025. As principais sub-regiões apresentam dinamismo variado:

  • Leste Asiático: 4,3% ao ano
  • Sul da Ásia: 5,8% ao ano, com Índia em 6,7-6,8%
  • Sudeste Asiático: 4,7% ao ano
  • Ásia Central: 4,3% ao ano
  • Ásia Ocidental: 3,5% ao ano

Principais Motores e Tendências

O crescimento asiático é sustentado por três vetores-chave: expansão do consumo interno, integração comercial e avanços digitais. Projeta-se que a classe média asiática cresça em 1,2 bilhão de pessoas até 2030, ampliando o mercado consumidor e incentivando inovação em bens e serviços.

O Acordo RCEP impulsionou o comércio intra-regional em 3% durante 2024, enquanto a China ultrapassou US$ 1 trilhão em serviços comerciais. O turismo, especialmente no Sudeste e Pacífico Asiático, registra recuperação constante, estimulando setores de hotelaria e transporte.

Na esfera digital, o varejo de e-commerce no Pacífico Asiático cresceu 8,4% em 2024 e o comércio eletrônico transfronteiriço da China alcançou US$ 369 bilhões (+10,8%). Empresas de entrega rápida e serviços baseados em cloud expandem sua presença, redefinindo padrões de consumo.

Desafios e Riscos

Apesar do panorama promissor, surgem riscos que podem frear o ritmo de crescimento. A desaceleração gradual projetada para cerca de 4,7% até 2026 decorre da crise imobiliária na China, cuja economia desacelera para 4,7% em 2025.

O mercado de trabalho também apresenta tensões: a taxa de desemprego asiática ficará em torno de 4,39% em 2025, abaixo da média global, mas com empregabilidade mais fraca em regiões densamente povoadas. A inflação tende a retornar a patamares controlados, entre 2,3% (2025) e 2,2% (2026), exigindo políticas fiscais e monetárias prudentes.

Externamente, tensões comerciais entre EUA e China, instabilidade geopolítica no Oriente Médio e volatilidade financeira mundial acrescentam incertezas. Projeções da APEC indicam que alguns membros podem ver crescimento limitado a 2,6-2,7% em 2025 devido a esses atritos.

Áreas Estratégicas para o Futuro

Diante dos desafios, a Ásia aposta em tecnologia, sustentabilidade e influência geopolítica para manter a vantagem competitiva. Investimentos em IA, automação e infraestrutura digital são priorizados por China, Coreia do Sul, Japão e Índia.

Em semicondutores, energia renovável e manufatura avançada, a região busca consolidar sua liderança global. Compromissos crescentes com energia limpa e redução de carbono impulsionam projetos de transporte verde, cidades inteligentes e práticas agrícolas sustentáveis.

  • Liderança em pesquisa e desenvolvimento de IA
  • Expansão de parques solares e eólicos
  • Projetos de transporte público de baixa emissão

No tabuleiro geopolítico, a Ásia amplia sua voz em fóruns como RCEP, APEC e o Fórum de Boao, forjando parcerias que podem redesenhar fluxos comerciais e cadeias de valor globais.

Indicadores de Mercado e Setores em Destaque

Perspectiva para as Próximas Décadas

Com Índia, China e Indonésia liderando, o centro de gravidade econômico global muda para o Oriente. A região se destaca pela ressignificação dos fluxos comerciais e pelo fortalecimento de redes de inovação colaborativa.

A resiliência asiática nasce da capacidade de adaptação diante de choques externos: políticas macroprudenciais, diversificação de mercados e foco em sustentabilidade fortalecem sua posição como pilar de estabilidade econômica mundial.

Conclusão

A Ascensão da Ásia na próxima década não será apenas um fenômeno estatístico, mas uma transformação profunda que redefine padrões de consumo, produção e cooperação global. À medida que projetos de infraestrutura, acordos regionais e inovações tecnológicas ganham forma, o continente se consolida como o principal indutor do crescimento econômico mundial.

Para acompanhar essa evolução, empresas e governos devem se preparar para as novas dinâmicas de mercado, investir em habilidades digitais e construir alianças estratégicas. Somente assim será possível aproveitar todo o potencial de um continente que, mais do que nunca, modelará o futuro da economia global.

Fabio Henrique

Sobre o Autor: Fabio Henrique

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